Moraes determina que Instagram preserve dados sobre conta atribuída a Cid

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que a Meta, dona do Instagram, preserve os dados e mensagens enviadas e recebidas pelo perfil atribuído ao tenente-coronel Mauro Cid e usado para criticar a forma como o delegado Fabio Shor, da Polícia Federal, conduziu seu depoimento.
O que aconteceu
Moraes determinou que conteúdo da conta seja preservado. Em determinação de hoje, o ministro ordena que a Meta preserve o conteúdo do perfil "gabrielar702". O UOL confirmou que a conta foi apagada —ela estava no ar no dia do interrogatório de Cid.
Mensagens enviadas e recebidas entre maio de 2023 até hoje também devem ser entregues. Além disso, o ministro quer que seja informado outros s vinculados à conta e se houve o de navegadores de internet em notebooks ou computadores.
Filipe Martins havia pedido ao Supremo os dados do perfil. A solicitação da defesa do ex-assessor de Assuntos Internacionais do governo Jair Bolsonaro aconteceu após mensagens reveladas pela revista Veja, em que Cid teria dito que Shor "sabe interrogar". "Sabe tentar te conduzir para onde ele quer chegar", teria dito o tenente-coronel, em uma conta do Instagram com o nome de "Gabriela R" —Gabriela é o nome de sua esposa.
Polícia Federal queria jogar o depoimento para o "lado do golpe", teria dito Cid nas mensagens. "O mais fod* é sentir que eu estou ferrando todo mundo. Fruto de uma perseguição que eu não tive maldade que iria acontecer. E eu fui bem claro lá... Pr [Presidente Bolsonaro] não iria dar golpe nenhum."
Ex-ajudante de ordens negou ter usado conta que não era dele em rede social. No interrogatório desta semana no STF, Cid foi questionado por Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, se ele usou um perfil no Instagram que não está em seu nome. O defensor perguntou em seguida se ele conhecia o endereço 'Gabriela R'. "Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa", afirmou Cid.
Mensagens foram trocadas entre 29 de janeiro e 8 março de 2024, de acordo com a Veja. Na homologação do acordo de delação, em setembro de 2023, Moraes determinou, entre outras medidas, a proibição de usar redes sociais e de se comunicar com outros investigados.
Após a publicação da reportagem, a defesa de Cid pediu investigação sobre o suposto perfil. "A defesa de Mauro César Barbosa Cid, vem perante essa Corte, através do eminente relator, ministro Alexandre de Moraes, para requerer, a abertura de investigação para apurar a titularidade e o uso dos perfis Gabriela R" ou "@Gabrielar702".
Além do pedido de investigação, Cid não usava o perfil, segundo a defesa. "A defesa de Mauro Cid, vem, afirmar a total falsidade da matéria e de seu conteúdo. E o faz, afirmando que esse perfil não é e nunca foi utilizado por Mauro Cid, pois, ainda que seja coincidente com o nome de sua esposa (Gabriela), com ela não guarda qualquer relação."